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NOSSA HISTÓRIA

Poucos são os registros históricos sobre a formação do município de Araguapaz e a criação da Paróquia de Nossa Senhora da Guia. Além do que está impresso na memória dos primeiros moradores, uma das únicas fontes escritas que remetem à gênesis do município é o “Livro do Tombo” da Paróquia Nossa Senhora da Guia.

 

A primeira página do livro, já amarelada com o tempo traz o relato de que “ os primeiros moradores desta localidade foram: José Miguel, Benedito Miguel, Epaminondas Batista de Carvalho, José Melquiades, Hermes Batista Leitão, Orazinho Honorato, João Resende, José Leite, Hermínio de Oliveira Campos e Maria Soares.”

 

Ainda em 1951 a região era uma mata virgem, quando aqui penetrou o senhor Alexandre conhecido como “Baianinho” que deu inicio a fazenda “Cavalo Queimado” nome que faz referência ao Rio que corta a região. Com sua morte em 1959 toma posse da terra Joaquim de Faria e Dolzane de Paula Bastos, aqui chegando por volta do ano de 1961 junto com alguns companheiros de luta que penetraram nas matas abrindo picada a procura de um lugar para  residirem e trabalharem. Construíram seus ranchos, fixaram residências e plantaram roças às margens do Córrego Cambuí, numa região conhecida como Cavalo Queimado. Dolzane de Paula Bastos mandou lotear cinco alqueires goiano para serem vendido a quem interessasse fixar residência no povoado que ora se iniciava.

 

 

Já nos primórdios do nascente povoado, surge a preocupação com a fé: “Joaquim fez loteamento do patrimônio que dera a N. Sra. da Guia. O mesmo fez depois Dolzane, a partir da atual Av. Goiás, destinando a padroeira a atual praça da Igreja” (Livro do Tombo, p.01). Nessa mesma página do Livro de Tombo está registrado outro grande acontecimento do povoado nascente, agora a 3 de maio de 1961, quando a localidade recebeu a honrosa visita do Monsenhor Lincoln Monteiro Barbosa, que fixa nas terras o primeiro símbolo da fé: um cruzeiro, como marco fundador do lugar. Celebrou a primeira missa e realizou o primeiro casamento. Cerimônias que encheram de grande emoção os corações dos poucos habitantes que existiam, lutando arduamente e, com a esperança segura de que um dia o povoado tornar-se-ia uma cidade do interior goiano. “Logo depois foi construída uma “tosca” capela coberta de palha de bacuri. A esta sucedeu logo outra, feita de adote e telhas, levantada por Manoel Baino, a qual caiu. João Piaba tomou a peito a terceira capela, empreitada pro Joaquim Pinto e depois Chico Abílio, depois reformada por João Vilas Boas.

 

Foi debaixo da insígnia da cruz de Cristo que o pequeno povoado de Cavalo Queimado – nome inicial da localidade – foi sendo formado por um povo corajoso e de grande fé guiados e amparados pela materna proteção da Virgem Maria.

 

Um ano depois da primeira Missa no povoado, em 1962 existiam 11 ranchos de palha e uma estrada boiadeira que demandava à Cidade de Goiás, numa distância de 120 km. O nome do povoado se deu devido o lugar estar situado próximo  ao Ribeirão Cavalo Queimado, por isso ficou inicialmente conhecido com este nome. Sendo elevado a categoria de distrito, a 19 de junho de 1963. É desse mesmo ano o primeiro registro que o Livro de Tombo traz citando a “Festa da Padroeira”, quando cita que “vários padres por aqui passaram, principalmente nas festas: Mons. Pedro (1963)...”.

O Distrito passa a ser denominado São Joaquim do Araguaia. Tempos depois recebeu o nome de ARAGUAPAZ. São duas versões para a escolha do nome: uma dá conta que é a junção dos elementos AR, ÁGUA (devido a abundância dos rios), e PAZ (por ser uma localidade calma); a segunda versão diz que o nome é uma junção do Rio ARAGUAia com o Isabel PAES.

 

Em 1970 fixou-se aqui Padre Arcádio, espanhol que estudara com os redentoristas e que foi o responsável por aumentar a pequena Igreja e construir a casa paroquial, mesmo ano que as Missionárias de Ação Paroquial abrem uma casa na Localidade. Outro grande nome é o de Padre Geraldo Schanff, Redentorista, alemão de Colônia que trabalhou na cidade por vários anos, dando atenção especial as pessoas carentes, chegando a construir várias casas no bairro Santa Catarina, conhecido como “Vilinha” para abrigar famílias pobres. 

 

A “Festa em Louvor a Nossa Senhora da Guia”, que nasce pequena, começa a crescer, e já em 1974 o Livro do Tombo relata que para a ocasião começa a se ter a necessidade de uma equipe, registrando no livro a reunião do dia 26 de fevereiro de 1974 com os festeiros José Leite, Mrciano, José Bernardo (Livro do Tombo, p.2). Eram muitas as dificuldade da época, e o livro cita na página 3 que em março “padre João vai a Goiás com um dos festeiros, o Marciano para imprimir talões da festa”; e ainda em Abril “Pe. João vai a Goiânia com Marciano – Festeiro – para tratar de negócios da festa, contratar o conjunto (de música), arrumar licença da Celg”. Enfim, a 10 de maio, após longa preparação, tem inicio a Festa da Padroeira.

O relato de 1982 apresenta alguns dados interessantes a cerca da festa que já se torna tradição na localidade e apresenta também um roteiro das atividades. Escreve o cronista: “Mais uma festa de N. Sra. da Guia, como já é costume batizados, procissão, leilões, queima da fogueira e benção do mastro” (Livro do Tombo, p. 44). O cronista relata ainda a mudança da cidade provocada pela festa da padroeira: “Estes dias da festa a cidade parece outra, muita música, muitas cores e muitas barraquinhas entulhando as ruas que mal dá para andar. Os barraqueiros vem de longe”. (Livro do Tombo, p. 44)

 

 

O crescimento da festa relatado no Livro de Tombo coincide com uma data histórica da localidade: a 14 de  maio de 1982, é criado o Município de Araguapaz, que foi solenemente instalado  em 01 de fevereiro de 1983, com a posse do Prefeito Municipal, Sr. José João Henrique de Vasconcelos, e dos vereadores eleitos em 15 de novembro de 1982.

 

Na construção da história da cidade não há como fugir da história da Igreja já que ela foi fundada a sombra da Cruz, e teve seu crescimento impulsionado pela presença do Padre Geraldo, que além da preocupação religiosa tinha uma grande presença social no município sendo ele mesmo o construtor de muitas estradas e casas populares. O reflexo de tudo isto, da presença e importância da Igreja Católica para a cidade está estampada no brasão e na bandeira do município que levam os traços da Igreja Matriz lembrando a fé católica presente deste o nascimento do povoado.

 

 

Um fato curioso relato pelo cronista é que a 8 de maio de 1986 foi aprovada a lei que autorizava o funcionamento da escola de 5ª a 8ª série, e está registrado no livro por um do padres: “para conseguir isto muito colaboramos, lecionando quase dois anos diversas matérias, sem receber nenhuma remuneração” (Livro de Tombo, p. 24)

 

Outro fato interessante é que ainda hoje a Festa da Padroeira movimenta a cidade com uma inundação de barraqueiros vindos de diversas partes com seus produtos. A Av. Bastos fica completamente tomada pelas barracas de comida, brincadeiras, roupas e utensílios domésticos. Muitas famílias esperam ansiosas durante o ano guardando o salário para comprar aquilo que precisa, ou aquela roupa nova na “festa da Santa”.

 

Embora por tradição a Virgem da Guia sempre tenha sido cultuada como padroeira do município, foi apenas no ano de 2010 que após um esforço do Pároco Padre José Alberto Spindola, com o apoio do prefeito e dos vereadores que foi sancionado o projeto de lei que declarava feriado municipal oficialmente o dia 15 de agosto, data em que a Igreja celebra, entre outros títulos, Nossa Senhora da Guia. Embora essa seja a data Litúrgica de Nossa Senhora da Guia, por respeito a tradição dos primeiros moradores os festejos ainda hoje acontecem no mês de maio, mês que a Igreja lembra a Bem Aventurada Virgem Maria.

 

Hoje Araguapaz é uma cidade com mais de 7 mil habitantes, que ainda carrega a tranqüilidade do interior. A Paróquia cresceu e se desenvolveu, destacando-se em muitos aspectos a nível diocesano. O trabalho realizado nos últimos anos com a chegada do Missionário Padre Alberto Spíndola deu cara nova ao trabalho de evangelização nas comunidades rurais e urbanas. Outro aspecto de destaque é a grande repercussão da Festa de Nossa Senhora da Guia que atraiu um número histórico de fiéis para as celebrações religiosas e parte social. A estrutura da festa cresceu: hoje uma equipe de mais de 10 casais é responsável pelas festividades que a cada ano supera os números anteriores. No inicio barracas de palha, depois a festa passou a ser realizada no interior do Salão dos Vicentinos. Hoje a festa ganhou novamente as ruas: uma grande barraca montada ao lado da Praça da Matriz, toda enfeitada acolhe a parte social nos 10 dias de festa com muita música, comidas típicas, leilão e pessoas vindas da região. No ultimo dia o grande leilão de gado reúne grande numero de pessoas. Mas a maior multidão lota a Igreja e as ruas a noite para Santa Missa e procissão com a imagem da Virgem da Guia agradecendo a Deus pelos dias de trabalho e festa. A estrutura mudou, cresceu e se aperfeiçoou, mas permaneceu a fé bravia do povo de Araguapaz, devoto a Nossa Senhora da Guia.

 

 Hoje a Comunidade Paroquial caminha com uma engrenagem de pastorais mais autônomas e desenvolvidas, e uma fé mais consistente. As reformas na praça e no interior da Igreja deram nova vitalidade e ajudam a criar um ambiente mais orante, com destaque para a construção da Capela do Santíssimo, a Dedicação da Igreja e consagração do altar no final do ano de 2010.

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